Fora da linha do Congresso
Sobrevoam os pássaros,
Caminham trabalhadores,
Cafés são servidos nos comércios locais.
Fora da Esplanada,
O verde nos chama atenção,
A vida caminha a contento,
Com os sacrifícios (próprios)
Dos trabalhadores.
Hoje à tarde teremos o revoar dos Curicacas
Que se refugiaram do Mato Grosso para nossa cidade.
A terra dos Curicacas sustenta lavouras de soja.
Os gaviões também sobrevoam a cidade.
Neste verde exuberante sobrevive a lei da selva,
Para os pássaros e para nós.
A lei da selva foi feita para os animais,
Mas por aqui estamos também sob custódia dela.
É a lei da selva de pedra.
Na baixada Republicana temos os leões e as hienas comendo
Carne de primeira,
Bichos pequenos rodeando o que sobra
Dos bichos grandes.
Por aqui somos simples espectadores resmungantes,
Odiando as atitudes repugnantes!
A qualquer hora vão nos pegar de novo;
Eis aí o problema de ser povo.
Somos todos constituintes do povo brasileiro,
Fieis depositários do dinheiro que compra o caviar
Servido aos leões.
Ainda bem que as flores sempre voltam por aqui,
Os pássaros vão cantar e procriar
E a vida vai seguir seu rumo.
Por aqui continuamos resmungando.
Nossos resmungos nos faz parecer cada vez mais frágeis.
Os leões ameaçam entrar no terreno que nos resta.
Um dia teremos uma nova tripulação.
Ah como seria bom trocar a tripulação
que comanda este nosso avião!
Já penso no século que vem,
Pois por aqui tudo demora muito para ser feito,
Tudo é de longo prazo.
Curto por aqui só nosso cabresto.
Você não se lembra do cabresto eleitoral?
Este ano terá eleição;
Ele sempre amarra alguém
E pode nos amarrar também.
Dentro da capinha do meu título deixei os nomes dos
Meus candidatos da eleição passada.
Só 50% deles corresponderam à minha expectativa.
Não pedi nada para mim quando votei
E negaram o que pedi para o Brasil.