IMAGENS E SONS DA CIDADE

Caminhar pelas ruas ouvindo
O canto dos sabiás, dos bem-te-vis,
Ou dos veículos automotores,
Ouvir as cigarras, os estudantes conversando 
no ponto de ônibus,
O barulho da rodoviária.

Os aviões chegam segunda feira
Cheios de políticos; juntos, os sussurros 
Dos outros passageiros: É aquele ladrão?
Quem será este daí? Acho que já vi.

Um programa policial escracha o bandido,
Enquanto nós, cá, reclamamos da falta de segurança.
“É o governo desgovernado”, diriam alguns.
A culpa é da política”, resmungam outros.

Homens aproveitam a brecha da lei e dominam 
A TV e o rádio;
Esbravejam e dizem que o povo quer isto, aquilo, aquilo outro.
Enquanto aqui dentro de nós, explode o som ensurdecedor 
do silêncio.

Estudantes voltam pra casa já em horário avançado;
Vão ter que voltar amanhã bem cedo para o trabalho
E o amanhã já está quase chegando.
O estudante-pai não consegue encontrar com seu filho
Que dorme enquanto ele sai novamente;
Ele precisa trazer o pão de cada dia.
A criança tem que esperar. Vai ter que esperar!

Reclamações coletivas sobre o transporte coletivo.
Reclamações politicamente corretas sobre a política incorreta!
Incorreta sim, porque não?

Ao som do silêncio do Congresso Nacional
Um homem aproveita para gritar aos quatro cantos do
Plenário vazio.
Esvaziamento covarde! 
Não querem votar a favor,
Mas não podem votar contra.
E os rabos presos? 
Vão encarar o acusado?
Acho que não. Há Há!

Homens gritam em defesa do outro,
Mas a defesa é em defesa deles próprios,
Estão preparando o próprio futuro.
E nós ó! R U M!
Melhor parar por aqui.

Prefiro ouvir o canto dos sabiás,
Das cigarras,
Dos bem-te-vis,
Dos pardais,
De tantos outros pássaros que cantam por aqui. 
Até os pardais já nos agradam mais que a política.

A chuva está chegando,
É primavera, e as flores cobrirão nossa cidade.
MELHOR ASSIM.

E BRASÍLIA CONTINUA DE BRAÇOS ABERTOS PARA TODOS

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