Desceu a serra alegremente,
Cantando músicas de minha terra.
Apressado para chegar à cidade,
Golpeava o cavalo sem dó nem piedade.
Parou para matar o bicho na venda ao pé da serra.
Agora, embriagado, ele sorria, gargalhava.
O modo como golpeava o cavalo indicava
Que já não fazia bons julgamentos.
Desligou-se para a costumeira pausa.
Cantava as mulheres da beira da estrada,
Gingando o corpo para conquistá-las.
Balançava fazendo da cabeça um pêndulo.
Caiu bem no meio da estrada.
Seu cavalo, acostumado àquela tarefa diária,
Parou, cheirou seu comandante e ali ficou – sobriamente.
Vigiou seu dono que dormiu profundamente
Até de manhã.
“O cavalo falava, ninava o homem”, disse o leiteiro.
Adestrado pela rotina de seu Pedro,
Aprendera a acolhê-lo e a defendê-lo.
Agora o cavalo é o comandante.
Já é de manhã e lá vem de novo Maria Tereza,
Outra vez procurando o marido.
Ele é pura ressaca, mas a embriaguez passou.
Sol quente e a mesma cefaleia de sempre.
Pobre Maria Tereza,
Não consegue mais viver sem sua embriaguez.
Seu Pedro se embriaga com a pinga
E ela com embriaguez do marido.
Casaram-se também nesta tarefa.
Seu Pedro é função das ações de Maria Tereza e do cavalo Baião
- um triângulo que deu certo.
Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, senhora?"
“Mas embriaguez não é doença”,
Quando me casei ele já bebia"
Disse docemente Maria Tereza.
Até onde fiquei sabendo
Eles viveram felizes para sempre.