O vento que vinha de lá tinha forma de mensagem, assumia jeito de sentimento, falava de amor, e às vezes falava baixinho, de você.
O vento que vinha de lá trazia consigo o ar perfumado que parecia o seu perfume, que também falava de você. Trazia sua imagem de forma quase definida, o que me fazia sentir uma gostosa sensação.
O vento que vinha de lá se espalhava por todos os lugares, às vezes fazia doer, outras vezes trazia alegria e esperança.
O vento que vinha de lá vivia nos ônibus, na rua e em todo lugar. Sabia gritar, cochichar, e tudo que eu fazia ele testemunhava, e, quando a uma música se associava, parecia flecha – num rápido instante atingia meu coração.
Num clima de solidão, via sua imagem aos poucos desaparecer do meu pensamento. Até que um dia o vento não veio, ele foi, me levou até você e aos poucos fomos nos integrando até o momento em que você e eu, ao som do vento e da música, nos tornamos pessoas juntas, num dos mais verdadeiros encontros.
E o vento nunca mais veio trazer saudades. Ele virou nosso eterno companheiro.