A borboleta caia tal e qual,
Um avião desgovernado,
Como um pássaro sem asas,
Uma folha solta ao vento.
Como um pássaro desatento,
Rodopiou e foi ao chão.
Foi um ato singelo,
Natural da natureza, eu sei,
Mas atingiu meu coração.
Fiquei a observar seu jeito,
Sua inércia, sua dor;
A dor que não era sua,
Mas a dor que só eu sentia.
“Asas de borboleta não dói”,
Já me disseram.
Mas a dor da alma da
Borboleta dói, dói sim,
Pode até não doer nela,
Mas é certo que doeu em mim.
Doeu sim, doeu em mim.
Tanto doeu que ela percebeu.
Para aliviar meu incômodo,
Saiu de sua inércia, levantou-se,
Bateu asas e foi-se embora
Para não mais voltar.
Acho que ela não voltará,
Já que sua vida é curta
E parte do tempo que lhe resta,
É resultado de uma subtração.
Para regressar não haverá mais razão.
Logo a vi se integrando à coreografia;
Borboleteava sob o céu de minha rua
E feliz com minha alegria,
Ao lado de centenas de outras amigas,
Para os céus ela partia.
Hoje pela manhã olhei para o céu.
E naquele olhar rumo ao infinito,
Foi possível eu concluir,
Que seu adeus foi para sempre.