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02/out/2012

Conflitos que não cessam

Autor(a): Jason Jair Frutuoso

Tenho observado a luta dos pacientes hemofílicos em Brasília, e estou cada vez mais convencido de que ainda falta muito tempo para que a situação deles seja regularizada. Se nos anos 60 alguns deles que conheci viviam o dilema de quase não ter para onde ir quando apareciam os sintomas da doença, hoje manifestam o temor de que tudo que conseguiram até agora (o que não foi muito), desapareça de um uma hora para outra.

No ano passado vi mães de pacientes hemofílicos com ar de felicidade no rosto por verem melhorada a qualidade de vida da família após o filho ser admitido para tratamento em um Centro de Tratamento da Hemofilia do Df. Uma delas, emocionada, dizia ter vindo de São Paulo para cá e encontrado o tratamento ideal para o filho, que já sonhava em ser caminhoneiro e até estava treinado para a auto-aplicação do fator de coagulação.

Mas infelizmente tive a oportunidade de assistir este mês a uma reunião deles onde muitos manifestavam um grande conflito por acharem que tudo está se desmoronando: algumas mães diziam que tudo parecia perdido; disseram que os profissionais que habitualmente tratavam de seus filhos, e com os quais havia ótima interação, estavam sendo trocados por outros que eles não conheciam. E os filhos ouviam pacificamente a tudo que diziam na reunião. 

Será o que as crianças pensavam e sentiam ouvindo que suas figuras continentes estavam inseguras frente à vida?

Se o estado emocional é responsável por parte das complicações de nossas doenças, como pensamos, então podemos afirmar que a continuar na incerteza, tudo será mais difícil para eles. A menos que o poder público arrume um jeito de tratá-los de forma mais global, como seres bio-psico-sociais. A OMS disse que “Saúde é bem estar físico, mental e social”, não disse?

 
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