Hoje (17/8/2013), fui ao “Arena Futebol Clube” para participar da comemoração da chegada em Brasília do fator recombinante para modernizar o tratamento dos hemofílicos. A festa foi linda demais: naquele clube vi o que há bem pouco tempo era inacreditável – hemofílicos jovens e crianças jogando bola de verdade como se joga em qualquer time de futebol.
Enquanto assistia àquela partida de futebol, minha criança interna quase ouvia o que dizia minha mãe quando pensávamos em brincar com crianças portadoras da hemofilia: “Se você machucar estes meninos eles podem morrer; eles não vão parar de sangrar”.
Como o sangue sempre assusta a adultos e crianças, evitar sangramentos acaba sendo uma ordem que vem de dentro e de fora da gente. Assim sendo, no meu tempo de infância e juventude, os hemofílicos viviam aquela vida de confinamento, sendo obrigados a carregar adultos em seus corpos de crianças.
Confesso que tive muito medo quando vi um deles cair após uma jogada dividida, mas apesar de seu choro e muita dor, ele se levantou e voltou a jogar. Depois cochichei comigo mesmo e me disse: “Tenha calma, a Dra. Jussara Almeida e sua equipe estão aqui e nada de ruim vai acontecer; deixe fluir sua alegria de criança nesta cabeça de adulto, vibre como se vibrasse assistindo o jogo do time do coração”.
Aquilo ali era mais que futebol, era a alegria de construir um novo caminho para a vida passar.
Sai do Arena com muita alegria, que só era perturbada com o silêncio governamental e da imprensa. O pessoal da imprensa devia estar procurando quem matou quem e outras tantas coisas “sensacionais” que geram muitos pontos na pesquisa de opinião, enquanto o pessoal do governo pensando no Marketing para a próxima eleição.
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