Cadê nossas árvores?
Onde estão as braúnas da minha terra?
O que fizeram com as perobas – rosas e brancas?
Quem serrou o grande jequitibá?
Onde andam nossos jacarandás?
Será:
Que as braúnas sustentam grampos e arame farpado?
Que as perobas estão em salas de gente de classe média?
Que o jequitibá virou assoalho de fazenda?
E os jacarandás, em que gabinetes estão?
Os vinháticos, quem os cortou?
Quem ousou tirar de cena as sucupiras?
Aparentemente é o progresso,
mas realmente mataram um pouco de nossa história!
Digo-lhes, amigos:
Se as árvores pudessem andar, certamente não fugiriam como gente. Acabariam como bois de corte, nos corredores da morte.
O homem é “superior”. Pobres árvores, seres vivos indefesos.
Pobres homens que vivenciam o progresso de marcha a ré, que destroem a qualidade de vida, antecipadamente, de seus filhos e de seus netos.
Homens que podem, mas não devem contar certas proezas – certas realizações.
Suas histórias frustrarão seus descendentes.
E quem sabe se um dia você não estará se auto-intitulando defensor das florestas remanescentes? Então você será tão mentiroso, tão claramente mentiroso, que só as árvores poderão se calar, ou melhor, se manterem caladas ao som de sua ridícula voz. Você poderá virar remédio, mas bem que poderia ser a prevenção!
Do livro "Pedaços de alma"