03/nov/2007
O Devedor Compulsivo e Eu
Autor(a): Jason Jair Frutuoso
Vou lhes falar sobre o problema do devedor compulsivo.
Vocês conhecem o Onassis, sabem que ele por várias vezes deve ter sonhado com grande ou até mesmo pequenos negócios. Isso mesmo. No início de sua vida deve ter andado estressado para fechar alguns ou muitos negócios. O devedor compulsivo parece Onassis, vive aqui e acolá fechando negócios. São pequenos negócios, pequenininhos negócios, mas para isso desprende a mesma energia desprendida por Onassis ao comprar ou vender um navio ou até mesmo um estaleiro.
É comum um amigo devedor compulsivo dizer: “Tô com pressa, preciso fechar um negócio, se me atrasar posso perdê-lo”. Neste momento quase sempre respirando ofegante e andando pra lá e pra cá, despedindo sempre com beijinhos ultra-rápidos, vai a luta.
Mas, que negócio costuma fechar? Com o comprador, com o vendedor ou com o agiota? O agiota que é mau por natureza, é visto por ele como muito injusto, um pecador consistente.
Eu também acho como ele e fujo do agiota como o diabo foge da cruz. Ele - o devedor compulsivo - fica como criança no trem fantasma, com horror do trem, mas profundamente atraído pelos fantasmas. “Minha querida repulsão”, é uma frase que se encaixa bem para estas crianças que vão ao trem fantasma e “ Meu amigo agiota” é frase que se encaixa legal para estes devedores, enquanto não chega a hora de pagar a dívida. São como crianças pequenas, que vêem o outro de forma ambígua: se o outro derrama o leite, é ótimo, mas se deixa de dar o seio, é visto como muito ruim.
Ele justifica os gastos com clareza para quem questioná-lo, faz as contas e prova por A mais B, que o salário é baixo e não dá para cobrir as despesas. Eu mesmo tive a oportunidade de ver e ouvir “com estes olhos e ouvidos que a terra há de comer”, e com minha inconfundível compreensão, a contabilidade escrita e narrada por um amigo devedor compulsivo e, no final das contas, ou melhor, de suas contas, eu disse: “Tá, tá, tudo bem, você tem razão”! Saí dali tão confuso, que até hoje, seis meses depois, não me orientei direito. Cheguei a pensar que eu é que estava equivocado.