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03/abr/2013

O caminhar dos hemofílicos de Brasília

Autor(a): Jason Frutuoso

Hoje fui ao encontro dos Hemofílicos de Brasília na cidade de Águas Claras DF. Nem preciso dizer que foi emocionante – eles são sempre emocionante. 
“Nosso sonho de hoje determina o que seremos no futuro”. Ouvi esta frase quando assistia o filme “Quase Dois Irmãos” e gostei dela. 

Acompanhando a mobilização dos hemofílicos de Brasília há bastante tempo, já percebo  mudanças no humor deles. Os pais dos hemofílicos de Brasília já sabem bem o que querem para seus filhos no futuro. Atualmente já podemos dizer que o que já conquistaram até o momento é fruto do que eles sempre sonharam. Agradou-me ver aquelas mães serenas como as vi hoje em Águas Claras; mãe tem este poder: se zangar e serenar na hora certa, e hoje parecia ser a hora certa para a serenidade. Como foi bom encontrar lá, jovens com  quase 30 anos de idade sem as terríveis sequelas da hemofilia!

Um menino que há dois anos atrás entrevistei lá no Centro de Tratamento da Hemofilia, estava na reunião, agora adolescente e já sonhando mais do que o sonho de criança; não quer mais ser motorista de caminhão, sonho que apresentava em uma boa fase de sua vida quando abandonara São Paulo para fazer tratamento em Brasília – infelizmente o tal Centro não é mais como antes. 

Foram inevitáveis algumas comparações ao escutar daqueles pais que o Centro de Tratamento de Hemofilia ainda não tem data para voltar a funcionar como antes: Então, imaginei os aviões voando  sem aeroporto para pousos, diabéticos sem insulina e meninos sem referência familiar. 

Os hemofílicos precisam ser uma grande família – terem um porto seguro, serem coesos. A união deles em Brasília os fez mais fortes de corpo e de alma. 

Os hemofílicos afirmam que com a desestruturação do Centro de Tratamento da Hemofilia as consequências já são evidentes: morreram seguidamente três hemofílicos. “Eles foram atendidos como pacientes que não possuem coagulopatia, tiveram que esperar por muito tempo e não receberam o socorro por especialista em tratamento da hemofilia”, disse  o pai de um hemofílico, apoiado pela mãe de outro hemofílico.   

Reportagem do Jornal Folha de São Paulo de 08/10/2012 relata que o hemofílico “Geremias Cavalcante deu entrada num hospital na periferia de Brasília, após convulsão. Foi orientado a voltar para casa. Horas depois retornou ao Hospital, onde morreu de parada cardíaca causada por hemorragia cerebral”. 

Mais de meio século testemunhando o sofrimento de hemofílicos e de seus pais, já posso dizer que um dia não tão distante, vamos comemorar a conscientização do Sistema de Saúde Pública do nosso país que certamente vai compreender que o melhor remédio é a prevenção/profilaxia.

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