“Xarles, o príncipe” é um livro de ficção, mas bem que poderia ser real. Histórias de violência contra membros de gangues, personagens do tráfico e pessoas inocentes que tiveram o azar de cruzar o caminho dessas pessoas são comuns em nossos noticiários.
Um estudo indicou que em meados de 2013 deveria haver cerca de 370 mil usuários de crack nas capitais brasileiras (e sabemos que não são raros os casos no interior). Entre eles muitos menores e mulheres grávidas, que fazem uso da droga em público e têm péssimas condições de saúde.
Se as condições difíceis das vidas dos usuários e traficantes os levaram a atividades ligadas às drogas, essas condições só pioram por causa do contato com elas. Do total de adolescentes presos no Brasil, 26% estão nos centros de reabilitação por causa do tráfico de drogas, isso sem contar os que estão lá por ações relacionadas ao estilo de vida drogadito e que não são contabilizadas nesse percentual, já muito alto.
“75% dos jovens infratores no Brasil são usuários de drogas, aponta CNJ”, essa é a manchete que divulga os resultados de levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O levantamento, feito entre menores cumprindo medidas sócioeducativas, aponta traços comuns aos entrevistados: “a criação em famílias desestruturadas, a defasagem escolar e a relação estreita com entorpecentes".
Diversos problemas se relacionam, são complementares e são motivação um para o outro, formando o ambiente para a prática de crimes, mas o envolvimento com as drogas tem destaque junto com a baixa escolaridade.
Em outra pesquisa, feita por jornalistas, cerca de 56% dos homicídios no Brasil têm relação direta ou indireta com o tráfico de drogas. Ainda nessa pesquisa fica claro que roubos, furtos e prostituição são muitas vezes motivados pelo consumo de entorpecentes.
De que formas podemos reverter esse quadro? Tudo indica que uma série de ações, além do combate direto ao tráfico, precisam ser tomadas. Não basta colocar a polícia nas ruas (isso é essencial, mas não basta), aumentar a população carcerária e deixar de lado a falta de escolas e professores motivados e qualificados, o desemprego e subemprego, falta de saneamento, falta de opções de lazer, e tantos outros problemas graves pelos quais passa a nossa população.
Nos resta agir, com urgência, cobrando dos governantes e nos dispondo a usar parte de nosso tempo ou mesmo recursos financeiros para colaborar com a criação de um país mais justo.
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